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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Monólogo do guarda chuva



Sou simplesmente um guarda-chuva. De cor negra, vermelha ou amarela, com manípulo de madeira ou de metal. Sou simplesmente um guarda-chuva.

Sou utilizado pela criança ao ir para a escola, pela mulher que sai para fazer compras, pelo rico e pelo pobre, pelo empresário e pelo operário.

A minha missão consiste em resguardá-los, estejam radiantes de alegria ou de mau-humor, sejam portugueses ou estrangeiros, brancos ou negros, crentes ou descrentes.
Estou sempre disponível para ser utilizado.

Por vezes, passo dias e dias escondido num armário ou cheio de pó num bengaleiro. Mas, se começa a chover, não me deixam parado nem um momento, e acabo por ficar completamente molhado e a pingar.

Claro que é isso que tenho que fazer: molhar-me para proteger os outros da chuva. Sem me queixar, em silêncio.

Que bonito ser guarda-chuva! Sou o guarda-chuva do avô Paulo, que me utiliza para se proteger da chuva e também para fazer de muleta. Sou o guarda-sol da senhora Filomena, que me utiliza para cobrir a cabeça todas as vezes que o sol aperta. Sou o guarda-chuva da menina Raquel, que passeia comigo toda aperaltada pela praça da cidade... Sou de muitas outras pessoas, como o senhor  Luís que se esqueçe de mim em qualquer lugar e, se me encontra, grita e fica desesperado.

Que bonito ser guarda-chuva! Ser guarda-chuva aberto ou fechado, quando necessitam de mim ou quando me deixam esquecido a um canto. Ser guarda-chuva do homem que se julga senhor do mundo e do que nada possui. Ser guarda-chuva dos que me acariciam amorosamente e dos que protestam porque me acham já demasiado velho.

Que belo ser guarda-chuva! Ser guarda-chuva de manípulo seguro e tela resistente. Que belo ser útil aos outros



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