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sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal para todos



Conto:
Há algum tempo, um homem castigou a sua filha de três anos por estragar um rolo de papel de embrulho dourado que tinha comprado para os presentes de Natal. O dinheiro era pouco naqueles dias, razão pela qual o homem ficou furioso ao ver que a menina tinha embrulhado uma pequena caixa com aquele papel dourado, colocando-a debaixo da árvore de Natal. Apesar de tudo, na manhã seguinte, a menina levou o presente ao seu pai e disse:
-  "Isto é para ti, Papá".
Ele sentiu-se envergonhado pela sua precipitada reacção mas voltou a explodir quando viu que a caixa estava vazia. Gritou e disse:
- "Tu não sabes que, quando se dá um presente a alguém, se coloca alguma coisa dentro da caixa?"
A menina então, com lágrimas nos olhos, disse:
- "Oh Papá, não está vazia. Eu soprei beijinhos para dentro da caixa. Todos para ti."
O pai quase morreu de vergonha, abraçou a menina e suplicou-lhe que lhe perdoasse. Dizem que o homem guardou a caixa durante muitos anos e, sempre que se sentia triste ou deprimido, pegava na caixa e retirava dela um beijo imaginário, recordando o amor que a sua filha ali tinha colocado. Desta ou de outra forma, cada um de nós já recebeu, pelo menos, uma "caixinha dourada".
Contudo, nem sempre sabemos identificar, conservar e repartir o seu conteúdo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pedra filosofal - Trabalho de alunos

A propósito da audição do poema: "Pedra Filosofal" que aqui deixamos em post anterior, um dos alunos do 7º ano, o André, fez um trabalho em que o ligou ao estudo que estamos a efectuar sobre o papel do ser humano como continuador da obra de criação começada por Deus

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A criação - um acontecimento inacabado



Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso

em serenos sobressaltos,

como estes pinheiros altos

que em verde e oiro se agitam,

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.


eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho álacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

num perpétuo movimento.


Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel,

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa-dos-ventos, Infante,

caravela quinhentista,

que é cabo da Boa Esperança,

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Colombina e Arlequim,

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

cisão do átomo, radar,

ultra-som, televisão,

desembarque em foguetão

na superfície lunar.



Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.



In Movimento Perpétuo, 1956

quarta-feira, 9 de novembro de 2011